HPV, o que é?
O HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) é um vírus que infecta pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens quanto de mulheres, provocando verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e câncer, a depender do tipo de vírus. A infecção pelo HPV é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST).
Sabe-se que mais de 30 bactérias, vírus e parasitas diferentes são transmitidos através do contato sexual, incluindo sexo vaginal, anal e oral. Algumas DSTs também podem ser transmitidas de mãe para filho durante a gravidez, parto e amamentação. Oito patógenos estão ligados à maior incidência de DSTs. Destas, 4 são atualmente curáveis: sífilis, gonorréia, clamídia e tricomoníase. As outras 4 são infecções virais incuráveis: hepatite B, vírus do herpes simples (HSV), HIV e papilomavírus humano (HPV).
Além disso, surgem surtos de novas infecções que podem ser adquiridas por contato sexual, como varíola dos macacos, Shigella sonnei, Neisseria meningitidis, Ebola e Zika, bem como o ressurgimento de DSTs negligenciadas, como o linfogranuloma venéreo. Estes anunciam desafios crescentes na prestação de serviços adequados para prevenção e controle de ISTs.
Sinais e sintomas do HPV:
A infecção pelo HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas. Em alguns casos, o HPV pode ficar latente de meses a anos, sem manifestar sinais (visíveis a olho nu), ou apresentar manifestações subclínicas (não visíveis a olho nu).
A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões. A maioria das infecções em mulheres (sobretudo em adolescentes) tem resolução espontânea, pelo próprio organismo, em um período aproximado de até 24 meses.
As primeiras manifestações da infecção pelo HPV surgem entre, aproximadamente, 2 a 8 meses, mas pode demorar até 20 anos para aparecer algum sinal da infecção. As manifestações costumam ser mais comuns em gestantes e em pessoas com imunidade baixa.
O diagnóstico do HPV é atualmente realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão, se clínica ou subclínica.
Lesões clínicas
Lesões subclínicas (não visíveis ao olho nu)
Se apresentam como verrugas na região genital e no ânus (denominadas tecnicamente de condilomas acuminados e popularmente conhecidas como "crista de galo", "figueira" ou "cavalo de crista"). Podem ser únicas ou múltiplas, de tamanhos variáveis, achatadas ou papulosas (elevadas e solidas). Em geral, são assintomáticas, mas podem causar coceira no local. Essas verrugas, geralmente, são causadas por tipos de HPV não cancerígenos.
Podem ser encontradas nos mesmos locais das lesões clínicas e não apresentam sinal/sintoma. As lesões subclinas podem ser causadas por tipos de HPV de baixo e de alto risco para desenvolver câncer.
Podem acometer vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis (geralmente na glande), bolsa escrotal e/ou região pubiana. Menos frequentemente, podem estar presentes em áreas extragenitais, como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.
Mais raramente, crianças que foram infectadas no momento do parto podem desenvolver lesões verrucosas nas cordas vocais e laringe (Papilomatose Respiratória Recorrente).
Como tratar o HPV?
O tratamento das verrugas anogenitais (região genital e no ânus) consiste na destruição das lesões. Independente de realizar o tratamento, as lesões podem desaparecer, permanecer inalteradas ou aumentar em número e/ou volume.
Sobre o tratamento:
Deve ser individualizado, considerando características (extensão, quantidade e localização) das lesões, disponibilidade de recursos e efeitos adversos;
São químicos, cirúrgicos e estimuladores da imunidade;
Podem ser domiciliares (autoaplicados: imiquimode, podofilotoxina) ou ambulatoriais (aplicado no serviço de saúde: ácido tricloroacético – ATA, podofilina, eletrocauterização, exérese cirúrgica e crioterapia), conforme indicação profissional para cada caso;
Podofilina e imiquimode não deve ser usada na gestação.
Pessoas com imunodeficiência – as recomendações de tratamento do HPV são as mesmas para pessoas com imunodeficiência, como pessoas vivendo com HIV e transplantadas. Porém, nesse caso, o paciente requer acompahamento mais atento, já que pessoas com imunodeficiência tendem a apresentar pior resposta ao tratamento. O tratamento das verrugas anogenitais não eliminam o vírus, por isso as lesões podem reaparecer. As pessoas infectadas e suas parcerias devem retornar ao serviço, caso identifique novas lesões.
É possível prevenir o HPV?
Vacinar-se contra o HPV é a medida mais eficaz de se prevenir contra a infecção. A vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para:
Quando usados de forma correta e consistente, os preservativos oferecem um dos métodos mais eficazes de proteção contra DSTs, incluindo o HIV. Embora altamente eficazes, os preservativos não oferecem proteção contra DSTs que causam úlceras extragenitais (ou seja, sífilis ou herpes genital). Sempre que possível, os preservativos devem ser usados em todas as relações sexuais vaginais e anais.
Vacinas seguras e altamente eficazes estão disponíveis para 2 DSTs virais: hepatite B e HPV. Essas vacinas representaram grandes avanços na prevenção de IST. No final de 2020, a vacina contra o HPV havia sido introduzida como parte dos programas de imunização de rotina em 111 países, principalmente países de renda alta e média. Para eliminar o câncer do colo do útero como um problema de saúde pública em todo o mundo, metas de alta cobertura para vacinação contra o HPV, triagem e tratamento de lesões pré-cancerosas e controle do câncer devem ser alcançadas até 2030 e mantidas nesse alto nível por décadas.
A pesquisa para desenvolver vacinas contra herpes genital e HIV está avançada, com várias vacinas candidatas em desenvolvimento clínico inicial. Há evidências crescentes sugerindo que a vacina para prevenir a meningite (MenB) fornece alguma proteção cruzada contra a gonorreia. São necessárias mais pesquisas sobre vacinas para clamídia, gonorréia, sífilis e tricomoníase.
Esquema vacinal:
Meninas e meninos de 9 a 14 anos, com esquema de 2 doses. Adolescentes que receberem a primeira dose dessa vacina nessas idades, poderão tomar a segunda dose mesmo se ultrapassado os seis meses do intervalo preconizado, para não perder a chance de completar o seu esquema;
Mulheres e Homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos, com esquema de três doses (0,2,6 meses), independentemente da idade;
A vacina não previne infecções por todos os tipos de HPV, mas é dirigida para os tipos mais frequentes: 6, 11, 16 e 18.